quinta-feira, 11 de outubro de 2012

História 5º ano

Do Império à União Ibérica

A CRISE DO COMÉRCIO DO ORIENTE

     Rei com 19 anos, D. João III herdou um império vastíssimo. No seu reinado a influência portuguesa estendeu-se até à China e ao Japão.

Império português no século XVI

Biombo Nanban.
A origem do nome vem de "Naban-jin", ou "bárbaros
do sul", nome que os japoneses davam aos europeus. 
A arte Nanban desenvolveu-se no Japão,
após a chegada dos portugueses, em 1543.



       Contudo, também foram abandonadas diversas cidades fortificadas no norte de África, devido aos elevados custos de defesa.Os lucros eram muitos, mas as despesas também.
      Era muito caro manter tantos territórios e tão longe de Portugal. As despesas com a guerra eram imensas, sendo frequentes os naufrágios e ataques piratasnúmero de funcionários reais era enorme.


Autor anónimo do século XVI
 Batalha de Diu, 1509.

       A corte que rodeava o rei, aumentando muito com D. Manuel I, vivia num luxo que impressionava a Europa.
     Com a agricultura ao abandono, os camponeses partiam para Lisboa. Sem trabalho, em busca de riqueza, aventura ou por castigo, daqui embarcavam para terras de Portugal noutros continentes. O país produzia muito pouco e comprava muitíssimo ao estrangeiro, contraindo empréstimos na Europa.
      Foi nesta altura que D. João III começou a dar atenção ao Brasil.

A COLONIZAÇÃO DO BRASIL

      Quando Pedro Álvares Cabral descobriu este território, deu-lhe o nome de Vera Cruz. Acabou por se chamar Brasil porque de lá vinha o pau-brasil, assim chamado por ser da cor das brasas. Este foi o primeiro produto a vir daquelas terras em grande quantidade.

 "Terra Brasilis", 1519, mapa por Pedro Reinel e Lopo Homem.
Biblioteca Nacional de Paris.
Na imagem podem ver-se os índios brasileiros a cortar e transportar o pau-brasil.

 Pau-brasil. Jardim botânico do Rio de Janeiro


      Só a partir de 1530, à medida que o comércio da Índia foi perdendo importância, é que se começou a dar mais atenção ao Brasil. D. João III dividiu o território em “fatias”, as capitanias, e entregou-as a outros tantos nobres, os capitães donatários, para que tratassem de as povoar e explorar economicamente.  


Capitanias brasileiras.
Mapa de Luís Teixeira (c. 1574)
Biblioteca da Ajuda

    O Brasil era imenso e apenas o litoral foi ocupado por colonos* idos de Portugal continental, da Madeira e Açores. Esta ocupação foi muito importante, porque se afastou o perigo do território ser ocupado por outros povos  que ali começavam a querer fixar-se (franceses, holandeses e ingleses) .
*Colono – Quando um país tinha territórios noutros continentes, como Portugal teve até ao século XX, dava-se a essas terras o nome de colónias. Daí chamar-se colonos àqueles que as iam povoar.

      Estes colonos vão também iniciar a cultura da cana-de-açúcar, tornando o Brasil, em poucas décadas, o maior produtor mundial de açúcar.

Cana-de-açúcar

DE ALCÁCER-QUIBIR ÀS CORTES DE TOMAR

    Quando D. João III morreu já todos os seus filhos tinham falecido. O trono foi herdado pelo neto, D. Sebastião, apenas com 3 anos. A sua avó, rainha D. Catarina e o cardeal D. Henrique, asseguraram a regência até o rei-menino ter 14 anos.

D. Sebastião, 1571.
Pintura atribuída a Cristóvão de Morais.
Museu Nacional de Arte Antiga

     Aos 24 anos, com uma forte convicção religiosa, D. Sebastião quis retomar a guerra em África. O rei formou um exército e partiu numa guerra contra o Islamismo.
     Após vários erros estratégicos, cometidos antes e durante o confronto, o exército português foi esmagado. O próprio rei morreu na batalha de Alcácer-Quibir

Ao abandonar a costa, além de fatigar o exército, o rei impossibilitou
a retirada e perdeu o apoio dos canhões das naus portuguesas.
Os comandantes militares mais experientes chegaram a pensar
na prisão de D. Sebastião, tão desacertado era o seu comando.

Dos 17.000 homens que partiram para Alcácer-Quibir, 
metade morreu e os restantes foram aprisionados.

      Este acontecimento teve consequências terríveis para o nosso país. Além de agravar a difícil situação económica, a independência de Portugal ficou em perigo, pois o rei morreu sem deixar filhos. Subiu ao trono o seu tio-avô,cardeal D. Henrique, único elemento do clero a ser rei de Portugal. 

D. Henrique I
Data e autor desconhecidos
      Sendo um religioso, o cardeal-rei também não tinha descendentes e morreu após dois anos, em 1580. No seu curto reinado, D. Henrique não conseguiu uma solução para garantir a independência nacional, o que desagradou bastante às classes populares.

 “Que o cardeal-rei dom Henrique
Fique no Inferno muitos anos
Por ter deixado em testamento
Portugal, aos castelhanos”
Quadra popular

         Foi na casa do Capítulo, em 1581, que se realizaram as cortes de Tomar. Filipe I (II de Espanha) foi reconhecido como rei de Portugal, com o apoio dos grupos sociais mais poderosos. 
 Aqui se iniciou a 3ª dinastia, a Filipina, que governou o país durante 60 anos. Aqui nasceu um imenso Império, ainda hoje a América do sul só fala duas línguas: Português e Espanhol.
  

Interior da Casa do Capítulo Incompleta (século XVI).

O Império durante a União Ibérica (1581- 1640).




A  UNIÃO IBÉRICA 

    Nas cortes de Tomar, Filipe I assumiu alguns compromissos com os portugueses. Manteríamos a nossa língua e moeda, não seriam nomeados espanhóis para cargos de governação ou dadas terras portuguesas a nobres de Espanha.
     O rei cumpriu o prometido e graças ao comércio da América, principalmente açúcar e prata, a situação económica melhorou em Portugal. 
Retrato de Filipe II, cerca de 1564
Sofonisba Anguissola
Museu do Prado - Madrid

Na nossa terra, o aqueduto dos Pegões (1593-1617) foi a grande obra realizada pela dinastia Filipina. Iniciado por Filipe I, foi concluído por seu filho. Orgulhoso, Filipe II mandou assinalar o acontecimento, colocando uma lápide no aqueduto. Diz assim…

«O longo e extenso aqueduto (…) cortando os montes, transpondo fundos vales (…) aqui conduziram os dois Filipes. O que não fizeram os braços de tantos reis».

Fizeram eles o que não tinham feito todos os reis de Portugal, levar a água até ao convento de Cristo.

O aqueduto atravessando o vale dos Pegões. 
Ao centro e ao fundo, o convento de Cristo.

    Neste período, a Espanha envolveu-se em guerra com diversos países europeus, enfrentando sérios ataques ao seu domínio no oceano Atlântico e ao monopólio do comércio da América. A situação piorou nos reinados de Filipe II e III.

        •    Os territórios portugueses eram atacados, principalmente o Brasil.

        •    Foram lançados novos impostos, para manter a guerra.

          Os jovens portugueses iam para a guerra, em nome dos interesses de   Espanha.

       • Face à crescente insatisfação, Filipe III nomeou governadores espanhóis para o nosso território.

A  RESTAURAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA

      O descontentamento sentiu-se primeiro na cidade de Évora, em 1637, com a revolta do Manuelinho. Até que, após 60 anos de governo espanhol, uma outra revolta devolveu a independência a Portugal.

    No dia 1 de Dezembro de 1640, em Lisboa, 40 nobres dirigiram a revolta vitoriosa e aclamaram D. João IV como rei de Portugal. Tinha início a quarta e última dinastia, a de Bragança.

Aclamação de D. João IV como rei de Portugal.
Veloso Salgado. Museu Militar de Lisboa

      Os espanhóis não desistiram e a Guerra da Restauração durou 28 anos. Os soldados portugueses, sempre em menor número, venceram todas as batalhas desta guerra e Portugal manteve-se independente.

Quadros da História de Portugal, 1917.
Ilustração de Roque Gameiro.
Travada em 1665, perto de Borba, esta foi a última 
batalha importante entre portugueses e espanhóis, 
durante a guerra da Restauração.


Meio tostão, prata, 1640.

Restauração da Independência. Moeda comemorativa, 1990.

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